segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Meu primeiro processo?


Hoje li um curioso artigo num blog intitulado Diário do Centro do Mundo (aqui). Curioso porque, sendo do "centro do mundo", trata de um prosaico tema paulistano: o suposto apadrinhamento de familiares da ex-candidata à Prefeitura, Soninha Francine. Diz o autor, Paulo Nogueira (mais informações aqui), que a ex-candidata tem "interesse pessoal" na vitória do PSDB porque suas filhas são empregadas pelo governo do estado, sem concurso público. E, ela própria, recebe como conselheira de uma estatal estadual.

Bem, que eu saiba trata-se de prática legal, usada por todos e quaisquer governos. Por exemplo, consta que no governo federal há milhares de cargos de livre preenchimento, para os quais o partido no poder parece oferecer nomes, não sei se de parentes de candidatos... Será que o jornalista sabe que um irmão e o ex-marido da atual presidente da República eram empregados, sem concurso público, na prefeitura petista de Belo Horizonte? E será que todos os que ocuparam esses cargos no governo Lula tinham "interesse pessoal" na vitória de Dilma? Outrossim, alianças políticas geralmente resultam em nomeações na administração direta e também na indireta. Será que o autor sabe que o partido da ex-candidata é aliado do governo paulista? E como seriam preenchidas as centenas de vagas nas estatais federais? Acaso seriam "por concurso"?

Sigamos! Conclui então o jornalista que falta transparência ao governo Alkmin. Ora, o governo Alkmin acaso escondeu a eventual nomeação da ex-candidata e de seus familiares. Por acaso as nomeações não saíram no Diário Oficial? Bem, Nogueira culpa a "mídia". Mas a "mídia" não é o governo de São Paulo - e parece que o título do artigo não reflete seu conteúdo... Será que a motivação para o artigo também terá sido diferente daquela alegada pelo autor?

Pois bem, logo na sequência do texto havia um comentário de um leitor, que desancava o autor, dizendo que o jornalista era recebedor de verbas oficiais, mais precisamente da Caixa. Se fosse verdadeira a afirmação, então o artigo, que não tinha grandes atrativos, ganharia interesse especial: alguém criticava outrem por algo que ele próprio faria. Eu usei esta informação para postar sobre o assunto no Twitter (aqui). O autor reclamou, perguntando-me onde eu obtive aquela informação. Eu expliquei a ele que fora num comentário de um leitor no seu próprio blog. O comentário, no entanto, não mais lá se encontrava e eu retirei a afirmação e me retratei (aqui, aqui e aqui).

Aparentemente o jornalista não se satisfez e prometeu me processar por calúnia e difamação (aqui). Bem, em primeiro lugar eu retirei a afirmação e me retratei, já que não posso prová-la. Além disso a fonte não mais se encontra disponível. Mas, em segundo, qual seria a calúnia (ou difamação) em receber patrocínio ou verba de publicidade de uma empresa estatal? Não há tantos que recebem, sobretudo aqueles conhecidos por sua defesa intransigente do governo federal? Será que podemos concluir que o autor julga com reservas seus colegas que recebem da Caixa e de outras estatais?

Bem, estarei sempre à disposição da Justiça se acionado. Se desaparecer é porque fui preso ou cansei de me expor na Internet...

domingo, 7 de outubro de 2012

Procura-se um líder para a oposição






Não basta participar, tem que acertar o pênalti...


Não me refiro aos partidos, ditos, de oposição. Falo dos muitos milhões que não votaram na candidata de Lula à presidência da República. Aos tantos quantos não acreditam nas lorotas governamentais sobre melhorias sociais. Aos muitos, embora ainda poucos, que vislumbram o desastre econômico gestado nos últimos anos. Aos que se envergonham da política externa que apoia ditadores e genocídios. Aos que lamentam a ditadura partidária sobre usos, costumes e leis. Àqueles (quase todos) que deploram a corrupção levada ao paroxismo pelo esquema do mensalão. E, por que não dizer, aos que veem suas cidades sem qualquer perspectiva de solucionar os problemas mais comezinhos da civilização: transporte, saneamento e acesso a bens públicos como saúde e educação.

Passado o pesadelo de sequer chegar ao segundo turno na capital paulista, certamente o staff de Serra já deve estar preparado para as composições políticas e as estratégias de marketing que julgam necessárias ao êxito da candidatura. Bem, quanto a isto Serra nunca incorporou, desde 2002 até aqui, a figura do anti-Lula, considerando que é Lula o símbolo maior do que se descreveu no parágrafo anterior. Nem mesmo na atual campanha, uma vez que Kassab, seu principal aliado, trafega com desenvoltura como integrante da base de Dilma. Pois bem, penso que é agora ou nunca! Ou Serra assume, de vez, a postura de líder da oposição contra o chamado lulo-petismo ou, mesmo que venha a ganhar a eleição em Sampa, não disporá de força suficiente para interferir no jogo político das próximas eleições presidenciais.

Grande parte dos problemas nacionais tem o seu componente local, mais precisamente metropolitano. Uma parcela considerável da população (talvez algo em torno de 50%) brasileira vive nas regiões metropolitanas e a maioria de seus problemas está relacionada com o que ocorre nas grandes cidades. Por exemplo, a questão do transporte público de massa, essencial para a qualidade de vida das pessoas, está longe de ser solucionada pelo regime lulo-petista. Ao contrário, nos últimos 10 anos o problema só se agravou, pelo inchamento das cidades com milhões de novos automóveis (e motocicletas) e a escassez de investimentos em metrôs e outros sistemas públicos de transporte. O mesmo pode-se afirmar em relação ao saneamento básico, em relação ao qual os 10 anos de governo lulo-petista não ofereceu nem a mais remota solução. Sem falar na educação e na saúde públicas que, claramente, involuíram no referido período. Mais ainda: o inexorável processo de desindustrialização pelo qual passa o país indica que as cidades brasileiras passarão por sérias dificuldades no futuro próximo; seja pelos problemas fiscais dele decorrente, seja pela tendência ao desemprego, também inevitável.

Quero dizer com tudo isso que, ao contrário do que pensam alguns analistas, a campanha municipal, ao menos nas grandes metrópoles, deveria ter um forte componente de política nacional. Mais que isso, os problemas das grandes cidades não tem como ser resolvidos sem se recorrer à esfera nacional, tanto no que se refere aos recursos envolvidos, quanto aos necessários arranjos institucionais e legislativos. Mas, sobretudo, é necessário executar, fazer, tirar as ideias do papel. E nisto até os adversários mais ferrenhos de Serra não podem negar-lhe o talento e os serviços prestados.

Para tanto Serra deve representar uma alternativa ao projeto hoje hegemônico. É preciso que ele assuma, pessoalmente, a liderança dos milhões de brasileiros contrários ao lulo-petismo, que não encontram eco nem respaldo na tibieza da autodenominada oposição. O projeto de governo de Serra deve e precisa refletir esta alternativa, política e ideológica. Não se deve confundir com (apenas) uma gestão técnica ou eficiente. Não pode ser apenas uma proposta local.

E para não ser oposição, afirmo: Aécio faz melhor!