domingo, 7 de outubro de 2012

Procura-se um líder para a oposição






Não basta participar, tem que acertar o pênalti...


Não me refiro aos partidos, ditos, de oposição. Falo dos muitos milhões que não votaram na candidata de Lula à presidência da República. Aos tantos quantos não acreditam nas lorotas governamentais sobre melhorias sociais. Aos muitos, embora ainda poucos, que vislumbram o desastre econômico gestado nos últimos anos. Aos que se envergonham da política externa que apoia ditadores e genocídios. Aos que lamentam a ditadura partidária sobre usos, costumes e leis. Àqueles (quase todos) que deploram a corrupção levada ao paroxismo pelo esquema do mensalão. E, por que não dizer, aos que veem suas cidades sem qualquer perspectiva de solucionar os problemas mais comezinhos da civilização: transporte, saneamento e acesso a bens públicos como saúde e educação.

Passado o pesadelo de sequer chegar ao segundo turno na capital paulista, certamente o staff de Serra já deve estar preparado para as composições políticas e as estratégias de marketing que julgam necessárias ao êxito da candidatura. Bem, quanto a isto Serra nunca incorporou, desde 2002 até aqui, a figura do anti-Lula, considerando que é Lula o símbolo maior do que se descreveu no parágrafo anterior. Nem mesmo na atual campanha, uma vez que Kassab, seu principal aliado, trafega com desenvoltura como integrante da base de Dilma. Pois bem, penso que é agora ou nunca! Ou Serra assume, de vez, a postura de líder da oposição contra o chamado lulo-petismo ou, mesmo que venha a ganhar a eleição em Sampa, não disporá de força suficiente para interferir no jogo político das próximas eleições presidenciais.

Grande parte dos problemas nacionais tem o seu componente local, mais precisamente metropolitano. Uma parcela considerável da população (talvez algo em torno de 50%) brasileira vive nas regiões metropolitanas e a maioria de seus problemas está relacionada com o que ocorre nas grandes cidades. Por exemplo, a questão do transporte público de massa, essencial para a qualidade de vida das pessoas, está longe de ser solucionada pelo regime lulo-petista. Ao contrário, nos últimos 10 anos o problema só se agravou, pelo inchamento das cidades com milhões de novos automóveis (e motocicletas) e a escassez de investimentos em metrôs e outros sistemas públicos de transporte. O mesmo pode-se afirmar em relação ao saneamento básico, em relação ao qual os 10 anos de governo lulo-petista não ofereceu nem a mais remota solução. Sem falar na educação e na saúde públicas que, claramente, involuíram no referido período. Mais ainda: o inexorável processo de desindustrialização pelo qual passa o país indica que as cidades brasileiras passarão por sérias dificuldades no futuro próximo; seja pelos problemas fiscais dele decorrente, seja pela tendência ao desemprego, também inevitável.

Quero dizer com tudo isso que, ao contrário do que pensam alguns analistas, a campanha municipal, ao menos nas grandes metrópoles, deveria ter um forte componente de política nacional. Mais que isso, os problemas das grandes cidades não tem como ser resolvidos sem se recorrer à esfera nacional, tanto no que se refere aos recursos envolvidos, quanto aos necessários arranjos institucionais e legislativos. Mas, sobretudo, é necessário executar, fazer, tirar as ideias do papel. E nisto até os adversários mais ferrenhos de Serra não podem negar-lhe o talento e os serviços prestados.

Para tanto Serra deve representar uma alternativa ao projeto hoje hegemônico. É preciso que ele assuma, pessoalmente, a liderança dos milhões de brasileiros contrários ao lulo-petismo, que não encontram eco nem respaldo na tibieza da autodenominada oposição. O projeto de governo de Serra deve e precisa refletir esta alternativa, política e ideológica. Não se deve confundir com (apenas) uma gestão técnica ou eficiente. Não pode ser apenas uma proposta local.

E para não ser oposição, afirmo: Aécio faz melhor!

32 comentários:

  1. Pois é..., e porque não colocam o Aécio de vez nesta arena?

    ResponderExcluir
  2. Mas colocaram, Sylvio. Aécio é o candidato do PSDB.

    ResponderExcluir
  3. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  4. Nós devemos entender melhor o " estilo" de atuação do PSDB .Não é e nunca será de uma postura agressiva ...ou uma oposição feroz ... Um exemplo desse estilo foi a transição FHC / Lula. Essa ação mais contundente , arbitrária, sem ética ...esse é o PT!Mas, SERRA terá nesse 2 turno ,muito a apontar em transgressões do PT(mensalão).E o fará !Mas, no seu estilo ...Aonde tem mais chances reais é no confronto de idéias ,com seu amplo conhecimento sobra a maior capital do Brasil.E a sua ficha limpa!Vai ser máquina contra máquina (estadual/federal).Terá muita visibilidade esse confronto ...e penso que SERRA sairá vitorioso.Nas ideías,proposições!

    ResponderExcluir
  5. Nesse caso em nada discordamos, Ana Maria. Não disse que Serra assumirá a postura que defendo; apenas acho que, se não assumi-la, mesmo que vença as eleições (mas pode perdê-las), terá perdido a guerra e a luta pela presidência...

    ResponderExcluir
  6. Perfeito!
    Só não consigo concordar com a expressão "autodenominada oposição". Tucanos não costumam se empenhar nas campanhas presidenciais, como faz o PT, (sabemos que muitos fazem campanha para o PT) e só ficaram fora do governo Lula porque o ex-presidente não quis.
    Por isso, acredito que José Serra, com toda a torcida contra, inclusive de setores influentes da imprensa e das igrejas, tem sido um vitorioso, mesmo quando perde, praticamente sozinho.

    ResponderExcluir
  7. Creio que esta deve ser a linha de conduta do Serra - com devidos ajustes e propostas para melhorar a vida dos paulistanos! O discurso de oposicao cabal aos methods do PT Lula e arriscado do ponto de vista eleitoral? (dirao os marqueteiros) Claro que eh, tem que ser muito bem elaborado e enunciado com firmeza e suavidade, como Romney fez com o Obama no ultimo debate ( com dados sobre a desastrosa e ideologica gestao no ME, por Exemplo). Se Serra perder fazendo isto estara prestando um servico ao Pais, se ganhar com os truques marqueteiros de sempre sera mais um na roda crescentemente perversa da politica e da gestao publica no Brasil. Voce esta certo!

    ResponderExcluir
  8. A postura neutra de Serra diante do processo do mensalão me deixa estupefata.Não sei se ele pode representar essa liderança de oposição.Que eu vejo dar a cara para bater é o Sen. Alvaro Dias, poderia ser uma boa alternativa na vã possibilidade do partido indicá-lo.

    ResponderExcluir
  9. Perfeito. O Serra perdeu a oportunidade de se tornar o anti-Lula quando se elegeu prefeito e governador. So nao acredito que assumira esse papel, embora gostaria muito que o fizesse para nao abrir caminho para o Paris Hilton das Alterosas.

    ResponderExcluir
  10. Rose,
    é que apenas eles acham que fazem oposição...
    E concordo com você: Serra não é nenhum neófito e sabe bem medir as consequências de suas escolhas políticas. Eu é que não concordo com as escolhas que ele vem fazendo nas últimas eleições...

    ResponderExcluir
  11. Prezado Anônimo,
    tirou da minha boca as palavras com as quais define serviço ao país. Muito obrigado pelo comentário.

    ResponderExcluir
  12. Bebeth,
    se Serra não pode representar esta fatia (enorme) da opinião pública e do eleitorado brasileiro, não será Aécio que o fará, né?
    Em relação a Dias, creio que a candidatura dele não está colocada pelo PSDB...

    ResponderExcluir
  13. Doutor Evil,
    é também o que penso. Mas quis deixar registrado meu protesto, por assim dizer.

    ResponderExcluir
  14. Oi, Roney. Concordo que precisamos de um líder para a oposição, mas tenho minhas dúvidas (ou certezas)se esse líder seria o Serra. Primeiro, porque como prefeito ñ caberia mais a ele fazer esse papel, pelo o que tenho observado naqueles q ocupam cargos no executivo. Segundo, como você bem lembrou, Serra é aliado de Kassab - unha e carne -, e os sinos de Kassab dobram pelo governismo. Uma coisa são as palavras, dar à platéia o que ela quer ouvir.
    outra diferente é a prática.

    PaulaAres

    ResponderExcluir
  15. Paula,
    veja as dificuldades: o PSDB é o partido mais robusto da assim chamada oposição. O DEM está virtualmente derretido, o PPS é um pequeno partido, com uma única liderança de caráter nacional. No PSDB dois grupos disputam o controle: Aécio é a principal liderança, apoiada pelos setores majoritários do partido; Alkmin é liderança natural por ser governador de São Paulo e Serra, mesmo esmaecido, luta para não perder totalmente a influência que já teve...
    O resto do espectro partidário, relevante, é governista. Então as opções reais parecem ser: Aécio, Alkmin e Serra.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Vero, donde se pode concluir que a luz do fim do túnel está longe, né? Duro, viu!

      PaulaAres

      Excluir
  16. Concordo com o que foi escrito! O que vislumbro para São Paulo, mesmo sendo de outro Estado, é que, se não houver uma disposição firme para um embate de confronto com o lula-petismo e de exploração das milhares de burradas comandadas, na origem, por Lula, será um massacre; isso porque haverá uma composição de vagões, ocupados por Lula, Dilma, Martaxa, E.Suplicy, Mercadante, enfim, a patota toda, e será um verdadeiro incêndio e o desastre final. Haddad, sozinho, é insosso. Mas, os demais são faladores, cheios de marketing, sem escrúpulos, principalmente o chefe, e há muitos eleitores desinformados, em SP, capazes de ir no discurso mentiroso e vira-folha de Lula. Ou Serra se põe, com verticalidade e paridade de armas, ou haverá de arcar com as nefastas consequências. E olhe que Haddad é apenas um pau-mandado da cúpula espertalhona do PT

    ResponderExcluir
  17. Creio que, com toda derrota do que aí está, Serra é menos ruim para SP que Hadad. O Lula é presidente do Brasil (Já que Dilma é seu capacho, fantoche) e também quer ser o Prefeito da maior cidade do país (Hadad fará para ele o mesmo papel da Dilma)! O PT quer meter a mão nos cofres da Prefeitura de SAMPA como fez nos cofres do Palácio do Planalto. E tem mais. Acho estranho o Hadad subir (em 15 dias) ao ponto de ficar só com 1% de diferença do Serra e ir para o 2º turno, tirando o Russomano da jogada quando amargava um longínquo 3º lugar! Nada me tira da cabeça que urnas foram "calibradas"! O PT não apoiaria Russomano (vide Edir Macedo e Universal); todavia o Edir Macedo (que tem passaporte de embaixada dado por Lula, com certeza vai apoiar o Hadad.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Em cima, seu comentário! Principalmente: "Lula é o presidente do Brasil (Já que Dilma é seu capacho, fantoche) E TAMBÉM quer ser o Prefeito da maior cidade do país (Hadad fará para ele o mesmo papel da Dilma)! O PT quer meter a mão nos cofres da Prefeitura de SAMPA como fez nos cofres do Palácio do Planalto.." Sinceramente, não compreendi a transferência súbita de votos do Russomano para Haddad.

      Excluir
    2. Obrigado, Nair, pelo comentário.
      De fato chamou a atenção a reversão rápida de Russomano, levando a crer que seus votos possam ter sido "desovados" em Haddad,,,

      Excluir
  18. Acho que o Serra tem muito a aprender com o Aecio, sabe porque? O Aécio sabe se impor e se opor , e graças a esta imposição, e oposição o PT perdeu força aqui BH.Tentaram uma reação neste pleito agora, e chegaram a incomodar... Mas...nem sequer conseguiram levar a eleição para o 2º turno.Já o Serra em São Paulo começou levando uma surra de quem??? Do Russomano, candidato este que depois amargou um mísero 3º lugar.Ou o Serra, aprende com o colega de partido , digo Aecio Neves, ou passa a bola pra frente, principalmente se ele perder o 2º turno...

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Agradeço o comentário.
      Claro que Aécio é um político de estirpe e experiência, mas as circunstâncias eram muito muito diferentes...

      Excluir
  19. Caro Roney

    Na verdade creio que o "design atual" dos Partidos Políticos esgotou-se. O PSDB constitui-se como contraponto aos "desvios programáticos" do PMDB. Não nasceu para ser Oposição e nunca o foi até assumir o Poder em 1994.
    O PT nasceu exclusivamente para ser Oposição, até chegar no Poder. Lá assumiu o "matiz pragmático" de "tentar ser Governo", mas que por falta de "construtores" obrigou-se a "fazer avançar propostas alheias".
    Pois bem, ou temos uma reforma política que adeque os Partidos a estes tempos de "todos iguais no Poder", não incluo aqui análise de comportamento ético, ou jamais sairemos desta "peleja fraticida", que descontrói o Brasil politicamente.
    Precisamos de uma "nova realidade político-partidária" e é nisso que a participação de São Paulo é fundamental. Afinal é alí que nascem "todos os grandes partidos nacionais".

    ResponderExcluir
  20. Você tem toda razão, Antonio. E nasceram ambos, basicamente, como fenômeno paulista. Mas, na verdade, as raízes ideológico-programáticas são comuns. O mundo é que mudou...
    Mas do ponto de vista prático não vejo razão para reforma partidária, a não ser a que limitasse a criação de partidos e acho mais importantes reformas transversais, como o fim do voto obrigatório...

    ResponderExcluir
  21. Roney, você é contra o Aécio mesmo. Aécio é o único do PSDB que reúne condições para ganhar de Lula. Álvaro Dias é fraco devido a seu estado, o Paraná - São Paulo, Minas e Rio não votariam nele de jeito nenhum. Serra e Alckmin, apesar de ótimos, não conseguiriam apoio dos mineiros e cariocas - se não votam em Álvaro Dias, imagine se votariam num paulista da gema. Resta-nos Aécio que tem trânsito livre nos principais centros deste país e realmente tem totais condições de derrotar o usurpador.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Não, Gerci. Sou contra o lulo-petismo!
      Aécio tem lá as qualidades dele... Infelizmente entre elas NÃO está a de opor-se à este flagelo de regime autoritário, incompetente e corrupto.

      Excluir
  22. O importante agora, imediatamente, é vencer este 2º turno e evitar que uma derrota se torne um motivo de neoendeusamento de Lula, que expalhará suas ironias sobre mais uma vitória sua sobre o PSDB, levando um bom handicap para 2014. Decerto que temas nacionais estarão presentes nesse momento, afinal Haddad veio de lá, com péssima atuação. Que se explore isso, pois era o executivo da Educação (tema de abrangência das 3 esferas); que se mostre a ineficiência federal em trasporte, saúde, infraestrutura e no saneamento básico, e que se inclua, quando necessário e oportuno, o mensalão, claro. Tudo o que for honesto e franco deve ser usado. Mas que Serra não faça desta disputa a campanha presidencial vindoura, seria suicídio, pois o que o cidadão-eleitor paulistano vai decidir é quem cuidará dos seus interesses municipais imediatos. Depois, pense-se em 2014, quando, além do PT e PSB, o PSDB terá de, novamente, enfrentar a si mesmo. Parabéns, mais uma vez, Roney, pela qualidade de seus textos provocadores. Forte abraço.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Mas Carlos Alberto, quem disse que Serra é o favorito nesse segundo turno?
      Agradeço muito o comentário.

      Excluir
  23. Concordo, mais uma vez, com você.Entendo o que quis dizer em assumir uma postura firme,contra o lulo-petismo.Isto não quer dizer agressividade mas, postura condizente com o momento.Depois desse julgamento, é o melhor momento.

    ResponderExcluir
  24. Muito bom o recado ao Serra e a eventuais candidatos a OPOSIÇÃO de verdade.

    ResponderExcluir